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JAPÃO: Uma civilização exemplar que envergonha os brasileiros

Limpeza

As cidades, em geral, são muito limpas. Não existem lixeiras nas ruas. Mesmo assim, as ruas são extremamente limpas, mesmo em cidades grandes. Sem me alongar nas questões filosóficas do por que isso acontece, digamos que a população japonesa tem uma relação bem peculiar em relação ao lixo e é bem preocupado com a sua destinação.

Por exemplo: você compra um sorvete no copinho no quiosque. Os japoneses não comem o sorvete andando. Para eles, o normal é o cliente comer o sorvete ali, ao lado do quiosque, e, ao final, descartar o lixo do sorvete (o copinho ou um guardanapo, por exemplo) na lixeira do próprio quiosque, pois o dono do quiosque trata do lixo dele (e não do outro). Por outro lado, se um desavisado, digamos, sair andando comendo o sorvete e jogar o lixo no outro quiosque (digamos, da tapioca), o dono do quiosque da tapioca não vai gostar, pois ele cuida do lixo dele (de tapioca) e não do lixo dos outros (do sorvete).

Além do mais, no entendimento do japonês, a questão da limpeza é coletiva, eles não acham que é um problema só do poder público. Se eventualmente, na frente do comércio (ou da casa) da pessoa, tiver alguns lixos jogados ou até folhas secas, esta pessoa vai lá e varre o lixo, não se importando de limpar a rua. Imagine isso sendo feito por toda a população do país.

Pontualidade

Peguei um trem-bala de Tokyo para Nagoya. O trem estava marcado para sair às 7h58. Às 7h57, o trem ainda não havia chegado. Às 7h59, o trem já tinha ido embora! A questão da pontualidade não é só nos trens. É nos ônibus, nos barcos, qualquer meio de transporte e, de maneira geral, com qualquer compromisso. Eles entendem que não obedecer um horário marcado é um desrespeito com os outros.

Honestidade

Se você esquecer um bolsa sua (com carteira, dinheiro, produtos, bens pessoais) no banco da praça um dia, pode voltar lá no dia seguinte que a bolsa vai estar lá. Ninguém vai mexer. É uma questão de principio do japonês de não pegar as coisas alheias.

Outro exemplo que eu vi: estava jantando em um shopping perto do seu horário de fechamento. Quando deu o horário, as lojas fecharam colocando biombos ou só alguns cones na frente. Apagaram as luzes e todos os funcionários foram embora. Não existem aquelas portas de aço ou qualquer outro dispositivo que impeça uma pessoa mal intencionada de invadir uma loja. Isso não acontece (ou acontece muito raramente). A honestidade é levada ao extremo.

Crianças pequenas indo sozinhas para a escola

Outra questão que choca aos olhos nossos: criança, desde pequena, é acostumada a ir sozinha à escola. Elas fazem um trajeto determinado onde encontram-se com outras crianças e vão fazendo filas, atravessam ruas sozinhas nas faixas de pedestre (obviamente, os carros todos param para as crianças), identificadas por chapéus amarelos. Isso faz parte da cultura do japonês de ensinar independência desde pequeno. Adultos aleatórios, pelo caminho, eventualmente, até ajudam estas crianças a atravessar ruas mais movimentadas. Um ajuda o outro.

Outro ponto com estudantes (até com os pequenos) é que eles aprendem a ajudar na limpeza das escolas, incluindo os banheiros.

Não atravessar a rua no semáforo de pedestres no vermelho

Só comentar algo bobo, mas que demonstra a cultura japonesa. De maneira geral, os japoneses não atravessam uma rua fora da faixa de pedestres e, se tiver semáforo, só quando o sinal está verde. Mesmo que não esteja vindo carro na rua.

Dado isso, vou contar uma história. Estava em Kyoto e saí para correr e conhecer os arredores do hotel por volta das 5h da manhã. Praticamente, só tinha eu na rua e nem carros estavam passando. Queria atravessar uma rua, que estava deserta àquela hora e o semáforo de pedestres estava vermelho para mim.

Parei e, durante longos segundos, fiquei filosofando se eu era mais brasileiro (e atravessaria no vermelho mesmo) ou se eu era mais japonês (ficaria humildemente esperando o semáforo verde). Não atravessei, pois tinha certeza que, se eu passasse no vermelho, apareceria a polícia, o Godzilla, os Changermans e qualquer um para me prender. Resolvi correr em volta do quarteirão do hotel, para não ter risco de precisar atravessar a rua…

Comentário do editor:   Depois de ler este texto, dá vergonha morar aqui no Brasil.