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Secretário-adjunto da Segurança de Osasco é morto a tiros por guarda civil dentro da sede da Prefeitura

O guarda-civil que matou a tiros o secretário-adjunto de Segurança de Osasco na sede da prefeitura da cidade, na Grande São Paulo, passava por exame psicotécnico, como todo agente da corporação, a cada dois anos, mas teve um momento de “desequilíbrio emocional”, segundo afirmou o comandante da Guarda Civil Municipal, Erivan Gomes, em entrevista à GloboNews.

Antes da chegada do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate), o comandante tentou mediar a situação. O guarda Henrique Marival de Souza estava trancado do lado de dentro da sala de reuniões com o secretário-adjunto Adilson Custódio Moreira.

Num dado momento, conversando com ele, eu pedindo foto e vídeo [de dentro da sala], momento que ele disse: ‘Aqui só tem eu, o Moreira e o demônio’. Infelizmente, ele disse isso num alto tom de voz, numa situação de desequilíbrio emocional.
— Erivan Gomes, comandante da GCM

“[Quando] assumi o comando em meados de fevereiro do ano de 2024, a gente reforçou essa equipe trazendo profissionais de outras áreas do saber para que pudéssemos trabalhar questões de saúde, de obesidade. A gente ampliou o que temos aqui para poder propiciar uma escuta para todo o nosso efetivo”, afirmou.

Como foi o crime

A reunião do secretário-adjunto havia sido marcada com vários agentes para discutir o trabalho da corporação no novo governo. Segundo o comandante da GCM, o relator dos presentes era que o clima estava amistoso. O secretário-adjunto foi conversando um a um, definindo as funções, e quem já estava com a escala definida saía da sala.

“O secretário Moreira é sempre uma pessoa muito respeitosa com todo mundo. Chamou os colegas para uma reunião. Ele fez questão de comunicar, inclusive ouvir algumas queixas, algumas situações de ajuste de férias”, explicou o comandante da GCM.

Secretário-adjunto da Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, morto a tiros por guarda — Foto: Secom Osasco

Secretário-adjunto da Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, morto a tiros por guarda — Foto: Secom Osasco

Segundo ele, o guarda acabou “estourando” e fez os disparos. “Infelizmente a gente não sabe dizer e talvez nunca tenha a resposta, o Marival nos últimos minutos do segundo tempo estourou, explodiu e acabou efetuando os disparos contra o adjunto Moreira”, disse.

O guarda ficou trancado por cerca de duas horas na sala de reuniões. O comandante contou que chegou à prefeitura minutos depois do disparo e que foi a primeira pessoa a dialogar com o guarda-civil até a chegada do Gate.

De acordo com o comandante, embora pedisse informações de prova de vida do secretário-adjunto, a sala estava toda em silêncio.

“Quando nós chegamos lá, minutos depois, com certeza, os disparos já tinham acontecido. Infelizmente, o adjunto já estava em óbito”, disse.

O guarda se entregou por volta das 19h30 e foi levado preso à delegacia seccional de Osasco.

Guarda-civil mata secretário-adjunto da Segurança de Osasco; veja detalhes do BO

Prefeitura de Osasco, onde houve tiros após desentendimento entre GCMs — Foto: Reprodução/TV Globo

GCM armada

O uso de armamentos letais pela GCM é alvo de críticas por parte de entidades de direitos humanos, que questionam o desvio de função da corporação.

Além disso, segundo o levantamento do g1 de novembro de 2024, com base em dados fornecidos pelos municípios e pela Polícia Militar, o número de horas de treinamento com armas das guardas civis fica aquém do treinamento da Polícia Militar.

A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo e a Guarda Civil Municipal das seis maiores cidades da Grande São Paulo, incluindo Osasco, fazem, em média, menos da metade do total de horas de treinamento com armas de fogo da PM do estado: 46%.

O guarda ficou trancado por cerca de duas horas na Sala Oval e o Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate) negociou para que ele se entregasse. A Prefeitura de Osasco disse ainda que o guarda manteve o secretário-adjunto como refém, trancou as portas de acesso e montou barricadas.

O guarda Henrique Marival de Souza se entregou por volta das 19h30 e foi levado preso à delegacia seccional de Osasco. Em 2017, o guarda foi elogiado pelo comandante da GCM por sua atuação em uma ocorrência com motociclistas.

Adilson Custódio Moreira trabalhou na Prefeitura de Osasco por 8 anos. Entrou com o ex-prefeito Rogério Lins e foi mantido pelo novo prefeito, Gerson Pessoa.

Os corredores foram interditados para os trabalhos das polícias Civil, Militar e Guarda Civil Municipal e os demais funcionários foram orientados a deixar a Prefeitura.

No entorno da Prefeitura, diversas ambulâncias e carros da polícia e dos bombeiros acompanharam a ocorrência.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública lamentou “a morte do secretário-adjunto da Segurança do município de Osasco, que foi mantido refém por um guarda civil, na sede da Prefeitura, na tarde desta segunda-feira (6). O autor do crime se entregou após negociações do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), da Polícia Militar. Ele será encaminhado ao 5º Distrito Policial da cidade, onde será ouvido e indiciado. Exames periciais foram solicitados e mais informações serão fornecidas após o registro do boletim de ocorrência.”

O que diz a Prefeitura de Osasco

Secretário-adjunto da Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, morto a tiros por guarda — Foto: Secom Osasco

“A Prefeitura de Osasco lamenta a morte do secretário-adjunto de Segurança e Controle Urbano, Adilson Moreira, na tarde dessa segunda-feira, 06/01, dentro de uma das salas do Paço Municipal.

Moreira, como era conhecido, foi atingido por tiros por um GCM após uma reunião. O GCM, que já foi preso e conduzido à Seccional de Polícia, manteve o secretário-adjunto como refém, trancou as portas de acesso e montou barricadas.

A negociação foi conduzida por equipes do GATE, com apoio de policias militares, civis e guardas municipais.

Ainda não há informações quanto ao velório e sepultamento.”