O resultado dessa mistura é colocado em um invólucro sintético, que Simone chama de plástico comestível.
Para fugir de roubadas, a engenheira, que é coordenadora da página no Facebook Mitos e Verdades sobre Alimentos, orienta os consumidores a analisar o rótulo:
— Ter CMS não é de todo ruim, mas é um subproduto. Vai ter menor qualidade e gordura elevada. Tem que ver qual carne tem e a quantidade de gordura.
Mesmo que a matéria-prima desse produto seja a carne — um elemento proteico — , é bom ficar esperto. Pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Zurique (Suíça), divulgada em 2013, fez um alerta importante. Depois de analisar 450 mil pessoas, o levantamento concluiu que uma salsicha por dia é muito: os pesquisadores afirmaram que 40 gramas por dia desse alimento ou de outras carnes processadas aumentam em 18% o risco de morte. Tanto salsicha quanto salame e presunto aumentam a chance de desenvolver doenças cardiovasculares ou câncer, apontou o estudo. O sinal vermelho também foi compartilhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2015, quando a entidade chamou a atenção para o consumo dessas carnes processadas e o relacionou a um risco maior de câncer no intestino grosso e no reto.
— Embutidos são contraindicados em função dos conservantes. Trabalhamos muito com o Guia Alimentar para a População Brasileira, que fala que a base da alimentação é desembalar menos e descascar mais — comenta a nutricionista Marlise Stefani, mestre em Engenharia de Produção.
Para Marlise, deve-se evitar a ingestão desses tipos de alimentos, incluindo a salsicha. Quando houver o consumo, deve ser feito com moderação.
— Mas o ideal é sempre fazer escolhas mais saudáveis — orienta.
Salsicha — Se o rótulo indicar esse tipo de produto, é bom saber que ele pode conter até 60% de carne mecanicamente separada (CMS), sendo o restante da formulação composto por carnes de diferentes espécies, miúdos comestíveis de diferentes espécies (estômago, coração, língua, rins, miolos, fígado), tendões, pele e gorduras.
Salsicha Viena — Não pode conter CMS, portanto, contém ingredientes mais nobres, como carnes suínas ou bovinas e gorduras.
Salsicha tipo Viena — Pode conter até 40% de CMS. Atente para o rótulo quando ela diz “tipo” Viena.
Salsicha Frankfurt — Assim como a Viena, a Frankfurt não pode ter CMS na formulação. Ela é produzida à base de carnes bovinas e suínas e gorduras.
Salsicha tipo Frankfurt — Também pode conter 40% de CMS. Atente para o rótulo quando ela diz “tipo” Frankfurt.
Salsicha de ave — A matéria-prima são as carnes de aves, acrescidas de, no máximo, 40% de CMS, além de miúdos e gorduras desses animais.