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Rotary International continua na luta contra a pólio

Resiliência frente à pólio

Por Aimé Césaire Mpangaje, coordenador adjunto para assuntos da pólio no Distrito 2150, associado do Rotary Club de Fleurus-Aéropole, Bélgica

Aimé Césaire Mpangaje

A minha jornada é pontuada por desafios, mas também por muita resiliência e determinação frente à doença devastadora chamada poliomielite.

Eu contraí pólio quando tinha somente três anos e meio. Ainda criança, pensava no que eu queria ser na fase adulta. Sonhava em me tornar um grande jogador de futebol, no mesmo nível do Maradona, ou um atleta renomado como o Carl Lewis, ou ainda um homem elegante e romântico como o Richard Gere – meu ídolo durante a adolescência.

Infelizmente, todos estes sonhos jamais viriam a ser realizados. A poliomielite não só destruiu minhas esperanças, mas também a maneira como meus entes queridos me viam, a consideração das pessoas ao meu redor e, o mais grave, meu senso de amor-próprio. A pólio pode lhe tirar a escola, a vida profissional e, às vezes, até a própria vida. Ela te faz sofrer dores físicas e emocionais diariamente e leva muitos à mendicância, relegando a pessoa ao campo dos fracos, dos inúteis, dos indesejáveis e dos repulsivos. Esse vírus tem uma capacidade extraordinária de arruinar a vida de qualquer um. Entretanto, a pólio nem sempre é uma sentença de morte.

A pólio não precisa ser uma sentença de morte

Apesar de todos os obstáculos diante de mim, optei por não deixar a pólio definir quem eu seria. Foi difícil, mas com bastante resiliência, não desisti de estudar. Acabei me apaixonando por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa e mãe dos meus filhos, incutindo em mim a confiança que antes me faltava. Por ser resiliente, consegui criar meus filhos, o que considero minha maior conquista.

A resiliência me possibilitou desempenhar funções importantes em empresas multinacionais de dois continentes. Ela é o fator motivacional que me faz levantar todas as manhãs e batalhar para exercer papéis ainda mais importantes, pois acredito que a nossa história tem sempre mais capítulos a serem escritos. Hoje, me considero bem-sucedido e tenho orgulho de falar da minha resiliência frente à poliomielite.

No entanto, nada disso teria sido possível sem a coragem da minha mãe, que me matriculou na escola apesar das opiniões contrárias, e sem o apoio inabalável do meu irmão, que me carregava nas costas por cinco quilômetros durante o caminho de ida e volta da escola. Sou infinitamente grato aos meus amigos também, que sempre acreditaram em mim e no meu potencial.

Levantando toda manhã

Resiliência é levantar-se toda manhã, pegar sua bengala ou muletas, colocar seu dispositivo ortopédico e andar devagar, mas com certeza e segurança. Significa também contar com o apoio de amigos e familiares para nos levantarmos e seguirmos a jornada após cada queda. Ao escolher levantar todos os dias, contribuo à luta contra a pólio.

Junte-se a mim no esforço para erradicar o vírus da paralisia infantil, não apenas contribuindo às campanhas de imunização, mas também apoiando os sobreviventes da pólio. A vitória só será total se continuarmos apoiando-os em seus desafios diários. Ao fazermos isso, a humanidade ficará mais feliz.

Saiba mais sobre o trabalho do Rotary na erradicação da pólio em endpolio.org.

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