Em São Paulo Ricardo vence Boulos de balaiada com 59,35% dos votos contra 40,65%
Na foto, Ricardo abraça o Governador Tarcísio de Freitas, durante comemoração da vitória nas dependências do Esporte Clube Banespa, em Santo Amaro.
São Paulo – Em entrevista ao programa Bom dia São Paulo nesta segunda feira, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que deseja manter a tarifa de ônibus congelada e defendeu o encerramento do contrato com a Enel em razão dos episódios de apagão. em entrevista à TV Globo nesta segunda-feira (28).
Nunes venceu Guilherme Boulos (PSOL) com 59,35% dos votos válidos (3.393.110). O psolista conquistou 40,65% (2.323.901).
TARIFA DE ÔNIBUS
Há quatro anos a tarifa do ônibus está congelada em R$ 4,40. Em entrevista, o prefeito disse que tem o desejo de manter o valor congelado, porém “não poderia ser irresponsável” e fazer promessas neste momento. Apenas em dezembro, a gestão vai avaliar se o preço da passagem sofrerá aumento ou não.
“Uma coisa que eu sempre fiz e vou continuar fazendo é o governando com responsabilidade. A questão da saúde financeira da cidade, a responsabilidade fiscal, isso é muito importante para a gente poder colocar todos os serviços em atendimento. Quando chega em dezembro é que a gente pega todos os dados do dissídio, o valor do diesel e a questão da política pública de mobilidade para tomar uma decisão. Então, em dezembro, eu sento com a equipe para tomar decisão. Se a gente consegue manter, é a minha vontade, ou se não consegue manter e explicar porque não vai manter.”
Enel
Em um ano, a cidade de São Paulo registrou três episódios de apagão. O primeiro foi registrado em novembro de 2023, onde moradores da Região Metropolitana de São Paulo ficaram uma semana sem energia. Em março de 2024, um novo apagão deixou moradores da região central de São Paulo no escuro por mais de 30 horas. Em outubro, a falta de luz atingiu mais de 3 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
Desde 2019, a Enel é responsável pela gestão de energia elétrica em São Paulo e outras 23 cidades da Região Metropolitana. Em entrevista, Nunes defendeu mais uma vez o encerramento do contrato com a concessionária e planeja fazer “pressão política” para isso.
“Reeleito com essa votação expressiva, portanto, inegavelmente com muito mais peso político, eu começo, junto com o Tarcísio, por mais força ainda para tirar essa empresa daqui. Essa empresa tem que sair da cidade de São Paulo”.
“O governo federal, o Presidente da República, esse péssimo Ministro de Minas e Energia têm que tomar uma atitude […] A concessão é federal, a regulação é federal e a fiscalização é federal. Então, o governo federal precisa olhar para a população de São Paulo e tirar essa empresa. Nós temos que fazer uma ação para ter uma nova empresa com responsabilidade e isso, se o presidente quiser fazer, ele faz em um minuto, basta assinar o decreto fazendo intervenção, ele tira a diretoria da Enel, põe um interventor para começar a cuidar da cidade”.
Podas de árvores
No 1° semestre deste ano, a capital tinha uma fila de 13,9 mil pedidos de poda ou remoção de árvores pendentes — registrados pelo telefone ou aplicativo do serviço 156, o canal oficial de atendimento da prefeitura. A queda de árvores foi um dos principais fatores que levou ao apagão em São Paulo em outubro.
Questionado sobre as podas, Nunes não esclareceu quais medidas serão tomadas no próximo mandado para reduzir a fila e culpou a Enel pelo problema.
“O que acontece, a gente tem engenheiro-agrônomo em todas as 32 sobre prefeituras. Eu queria fazer um exercício com vocês. Vocês vão estar andando pela rua, olhem a fiação e a árvores, vocês vão ver muitas árvores que passam pela afiação. O problema é a Enel. Eu fiz 620 mil podas. A grande questão é que quando a árvore está encostada no fio é a Enel que faz essa poda, não é a Prefeitura de São Paulo. Ninguém tá empurrando nada. É que se você não desligar energia, coloca em risco a vida do profissional, então a Enel vai, desliga energia e a gente faz a poda”, justificou.
Abstenções
A capital bateu recorde em 2024 e teve o maior número de abstenções da história em um 2º turno. O número de ausentes chegou em 31,54%, ou seja, 2.940.360 eleitores, e também foi maior do que os votos recebidos por Boulos (2.323.901 votos).
“A gente teve um número de abstenção grande e acho que atribuo isso a uma campanha muito agressiva que a gente não gostaria que acontecesse. Acho que fica uma lição que as pessoas mais agressivas acabaram tendo uma rejeição muita alta. A população rejeitou esse tipo de comportamento”, comentou Nunes.
2° turno
A vitória do emedebista ocorreu em meio a maior abstenção da história da cidade de São Paulo em um segundo turno: mais de 31% dos eleitores não compareceram às urnas neste domingo (27).
Em seu discurso de vitória, Nunes agradeceu a Deus, à família, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem chamou de “líder maior”, e afirmou que vai governar para todos e que o equilíbrio venceu o extremismo.
“Eu agradeço muito a Deus, agradeço à minha família. Queria deixar agradecimento especial a minha esposa Regina que esteve sempre ao meu lado, em todos os momentos da minha vida e sofreu enormes maldades nessa campanha. E ao líder maior, sem o qual não teríamos essa vitória, meu amigo, que me deu a mão na hora mais difícil, governador Tarcísio de Freitas […] Tarcísio, seu nome é presente, mas seu sobrenome é futuro”, disse.
“Não é hora de olhar para trás, a hora da diferença passou, vamos governar para todos, porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa. Aos que acompanharam essa eleição histórica a democracia deixou uma grande lição para nós da cidade de São Paulo, e deixou uma lição para o Brasil. O equilíbrio venceu todos os extremismos”, completou.
Nunes também lembrou seu antecessor Bruno Covas (PSDB), morto em 2021. O prefeito, no entanto, só mencionou Bolsonaro ao falar da indicação do vice, Coronel Mello Araújo.
O atual prefeito foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba doze partidos (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Mobiliza, Agir e União Brasil). O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno.
Em uma campanha marcada por ataques, agressões, e processos, Nunes ainda enfrentou neste domingo uma nova ação e uma queixa-crime de Boulos, após seu principal cabo eleitoral, o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmar que o PCC enviou supostos salves para que familiares de presos fossem orientados a votar no psolista. O TRE nunca recebeu relatório sobre essas supostas mensagens.
Quem é Ricardo
Ricardo Nunes (MDB) tem 56 anos, é empresário, e atual prefeito da capital paulistana. Essa foi a primeira eleição que ele disputou em São Paulo para cargo majoritário.
Ele assumiu a cadeira de prefeito em 2021, após a morte de Bruno Covas em virtude de um câncer. Em 2012, foi eleito vereador com mais de 30 mil votos. Em 2016, se reelegeu com 55 mil votos.
Durante seis anos, foi o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento da capital. Casado há 27 anos com Regina Carnovale Nunes, tem três filhos e um neto.
Nasceu na Zona Sul da capital paulista, é do signo de escorpião e palmeirense. Em entrevista ao g1, confessou ser fã do padre Marcelo Rossi, adorar novelas e “pai” de quatro cachorros: Yuri, Apolo, Sissi e Milk. (com informações do G1)