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O que foi verdade ou mentira no debate dos candidatos a Prefeito de SP na BAND

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo aconteceu na noite desta quinta-feira (8). Promovido pela TV Bandeirantes, o encontro reuniu Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

O G1 checou o que os candidatos falaram no debate e que não é verdade:  Leia:

Guilherme Boulos (PSOL)

“O prefeito [Ricardo Nunes] está sendo acusado de receber cheque, rachadinha de volta de creche. Está sendo investigado pela Polícia Federal por causa disso. Ele tem a rachadinha própria dele, e vem querer falar aqui dos outros.”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em julho deste ano, a PF pediu autorização da Justiça para continuar investigando o suposto envolvimento da empresa da mulher e da filha de Ricardo Nunes no relatório final da Operação Day Care, que apura o desvio dinheiro público de creches conveniadas da Prefeitura de São Paulo. A PF já indiciou 116 pessoas na conclusão do inquérito, mas Nunes não faz parte desse grupo.

Os investigadores identificaram um cheque de R$ 31,5 mil para a conta do prefeito. O valor saiu da conta de uma das empresas investigadas por emitir notas frias.

Leia a nota da assessoria do prefeito Ricardo Nunes sobre o caso:

“Boulos mente. Não há nenhuma investigação da Polícia Federal contra o prefeito Ricardo Nunes. O inquérito da chamada Máfia das Creches foi concluído com mais de 100 indiciados, e o prefeito não é um deles. Após a divulgação de um vídeo de uma dessas indiciadas, com acusações ao prefeito, foi a defesa de Ricardo Nunes que pediu instauração de inquérito para esclarecimento dos fatos e investigação de uma possível armação.”

Datena:  “Começa com o prefeito, que não cumpriu metade das metas expostas pelo Bruno Covas.”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Levantamento do g1 publicado em 20 de julho aponta que, em três anos e meio de gestão Bruno Covas/Ricardo Nunes na Prefeitura de São Paulo, foram cumpridas 48% de 58 promessas feitas durante a campanha eleitoral, em 2020. Outras 36% foram cumpridas em parte. E nove não foram cumpridas.

O levantamento acompanha 58 promessas referentes a administração pública, direitos humanos, economia, educação e cultura, habitação, infraestrutura, meio ambiente, mobilidade urbana, saúde e segurança pública.

Pablo Marçal (PRTB)  “Quatro milhões de pessoas em situação de miserabilidade nessa cidade”

A declaração é #FAKE: Veja por quê: Segundo estudo divulgado em fevereiro deste ano pela Fundação Seade SP, órgão estadual que produz e analisa dados econômicos e demográficos paulistas, a cidade de São Paulo possuía 1,9 milhão de pessoas em situação de pobreza, com outras 360 mil em situação de extrema pobreza. Em ambos os casos, são as maiores populações nesta situação em termos absolutos em todo o estado.

O candidato não explicou o que seria “situação de miserabilidade”, mas as pessoas inscritas no Cadastro Único que podem receber Bolsa Família são aquelas cuja renda familiar per capita mensal seja de no máximo 218 reais.

Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento Social, que gere o Cadastro Único do governo federal, havia 1,64 milhão de pessoas nesta situação na capital paulista em julho deste ano.

Já as pessoas “inscritas no Cadastro Único em famílias com renda per capita mensal até meio salário mínimo” na capital paulista somavam 2,57 milhões no último mês.

“Só tem um prefeito do PSOL no país. Com reprovação de 70%”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Nas eleições de 2020, o PSOL elegeu cinco prefeitos no Brasil. Entretanto, somente uma dessas prefeituras é uma capital, Belém, governada por Edmilson Rodrigues (PSOL). Em março deste ano é #FATO que ele teve 75% de desaprovação.

As outras prefeituras onde o PSOL elegeu prefeitos em 2020 são Marabá Paulista (SP), Potengi (CE), Ribas do Rio Pardo (MS) e Janduís (RN).

Ricardo Nunes: “O apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crime a pessoas inocentes. Eu quero repetir: o apresentador José Luiz Datena já foi condenado por imputar crimes a pessoas inocentes.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Minutos após a declaração de Nunes, no mesmo debate, Datena afirmou a Nunes: “O senhor disse que eu fui condenado em vários processos. Fui sim. Principalmente condenado acusando bandidos que teriam cometido crimes que na realidade julgados pela Justiça foram considerados, alguns, inocentes. Toda decisão judicial é justa.” A declaração de Nunes não deixa claro a que decisão ele se refere. É possível encontrar em sites de tribunais de justiça registros de processos em que Datena foi condenado, cabendo recurso ou não.

“Quando você entrava em um equipamento de urgência e emergência com infarto, 30% das pessoas iam a óbito. Um procedimento que a gente adotou, um protocolo que adotamos, com aplicação do trombolítico, caiu para 4%”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Existe uma estimativa de que, com a implementação de um protocolo único para as unidades de saúde municipal, que vem sendo estruturado nos serviços de urgência e emergência da rede municipal na última década, o número de óbitos decorrentes de infarto agudo do miocárdio na rede tenha sido reduzido de 30% para 4%. A linha de cuidado prevê que a rede municipal garanta que as pessoas que sofreram infarto agudo recebam um medicamento trombolítico (que dissolvem coágulos sanguíneos) ainda na rede pré-hospitalar, com a cobertura dos custos garantida pelo município. Uma linha de cuidado para infarto agudo do miocárdio lançada pelo Ministério da Saúde em 2021 previa o uso de trombolíticos entre as estratégias para “aprimorar o atendimento e tratamento para combater a principal causa de morte no país.” Há registros que mostram que um medicamento similar ao usado pela prefeitura chegou a ser incluído em 2011 pelo SUS.

Ricardo: “Em 2016, o Orçamento da saúde era de R$ 10 bilhões; nós passamos para R$ 20 bilhões, nós dobramos o orçamento da saúde”

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em 2016, até o último bimestre, tinham sido empenhados (valores reservados) R$ 10,2 bilhões em despesas totais com saúde na cidade de São Paulo, de acordo com Demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) apresentados pela Prefeitura. Em 2021, quando Ricardo Nunes, que era vice-prefeito de Bruno Covas, assumiu a Prefeitura, o empenho total em saúde foi de R$ 15,7 bilhões. Em 2022 e 2023, com Nunes inteiramente à frente da Prefeitura de São Paulo, os empenhos foram de R$ 18,1 bilhões e R$ 20,4 bilhões, respectivamente. Em 2024, até o terceiro bimestre, as despesas totais empenhadas com saúde foram de R$ 15,4 bilhões.

Tabata Amaral (PSB)

“O candidato que está ao meu lado [Pablo Marçal] foi condenado por formação de quadrilha no esquema de fraudes bancárias. Eu queria saber o que ele fará pra proteger os idosos que vivem caindo em golpes de WhatsApp como esse. Ele também é investigado pela Polícia Federal por falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro.”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em abril de 2010, Marçal foi condenado pela Justiça Federal de Goiás a dois anos e seis meses de prisão por integrar um grupo responsável por fraudes bancárias que envolviam obter dados de contas das vítimas para acesso a home banking. Apesar dos demais envolvidos terem sido condenados por crimes que incluíam formação de quadrilha, Marçal foi enquadrado apenas em furto qualificado, que resultou em uma pena que ele não chegou a cumprir.

Segundo a sentença do juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, Marçal – então com menos de 18 anos – “não era o responsável pela concretização material dos furtos cibernéticos sob foco, em prol da quadrilha por ele integrada. Porém, o réu cuidava da manutenção dos equipamentos de informática do grupo criminoso, além de realizar a captação de listas de e-mails para a quadrilha.”

Em um vídeo publicado em 2022 em suas redes sociais, Marçal relata o que chamou de “a prisão da sobrevivência”. Ele afirma no vídeo que consertava computadores para um “cara da igreja”, que “os computadores ficavam rodando” e que “ia lá, só consertava e ia embora.” Ele diz que todas as pessoas “nessa situação foram condenadas e cumpriram pena”, mas ele foi o único que teve “extinção da punibilidade” e que não tem “nenhuma dívida com o Estado.”

Já em julho de 2023, Marçal foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal em São Paulo. A operação foi parte de uma investigação para apurar crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro ocorridas durante as eleições de 2022.

(com informações do G1)