As telas dos aparelhos eletrônicos prejudicam as crianças e adolescentes
O uso prolongado de telas na infância tem gerado preocupação, principalmente desde a pandemia, quando a tecnologia se tornou indispensável na rotina das famílias. Apesar de essencial para o trabalho e atividades diárias, é importante refletir sobre o impacto desse uso na qualidade de vida, especialmente no desenvolvimento das crianças.
Com a crescente presença da tecnologia em casa, crianças estão cada vez mais expostas a telas, sejam celulares, tablets, computadores ou televisores. Embora o acesso controlado possa oferecer benefícios educacionais, o uso excessivo pode trazer desafios ao desenvolvimento físico, mental e emocional.
O uso consciente e moderado das telas pode fazer parte de uma infância saudável. Com acompanhamento familiar, é possível garantir que a tecnologia seja uma aliada ao invés de um obstáculo no desenvolvimento infantil.
Esse hábito pode causar atrasos no desenvolvimento escolar, físico, mental e emocional. Um exemplo claro é o impacto negativo no sono. A exposição excessiva à luz azul das telas, especialmente à noite, prejudica a qualidade do sono, dificultando a produção de melatonina, o hormônio essencial para diversas funções do organismo, formado no escuro durante o sono noturno. Quando as crianças dormem tarde e acordam tarde, esse ciclo natural é desregulado, afetando tanto a saúde quanto o bem-estar.
Além disso, o uso prolongado de telas reduz as oportunidades de movimento físico, pois a criança permanece sedentária por longos períodos. Isso pode prejudicar o desenvolvimento motor, além de contribuir para outros problemas de saúde relacionados à falta de atividade física. Esses impactos físicos, aliados aos mentais e emocionais, reforçam a importância de equilibrar o uso da tecnologia com atividades mais diversificadas e saudáveis.
Percebo que o excesso de telas pode causar vários prejuízos, tanto emocionais quanto cognitivos. Crianças muito expostas a telas tendem a ter baixa resistência à frustração, o que resulta em irritabilidade e ansiedade. Além disso, podem apresentar dificuldades de atenção, memória e linguagem, especialmente as menores. Atendo muitas crianças com queixas de dificuldade de aprendizagem, e frequentemente os responsáveis relatam rotinas desorganizadas: elas passam muito tempo nas telas, dormem e acordam tarde, e não têm horários regulares para alimentação.
Meu primeiro passo é garantir que a criança tenha qualidade de sono e alimentação, pois isso influencia diretamente o aprendizado. Caso as dificuldades persistam, investigo se há transtornos específicos por trás do problema. Também noto que crianças habituadas às telas muitas vezes têm pouca paciência e resistência a atividades que exigem esforço mental, já que estão acostumadas a pular o que não gostam. Isso acaba criando uma barreira para enfrentar desafios, o que pode afetar seu desempenho escolar e desenvolvimento geral.
Em casa, mesmo com irmãos ou família por perto, o uso excessivo de dispositivos dificulta o diálogo e prejudica a socialização. Isso impacta a capacidade da criança de lidar com frustrações, compreender limites e seguir regras. Ao chegar na escola, esses desafios tornam-se mais evidentes, dificultando a interação com colegas.
A criança, muitas vezes, não tem consciência dos prejuízos que o uso prolongado de telas pode causar no futuro, e cabe a nós, pais e responsáveis, estabelecer limites adequados. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças de até dois anos não devem ser expostas a telas. Entre dois e cinco anos, o uso deve ser limitado a uma hora diária; de seis a dez anos, no máximo duas horas; e acima de 11 anos, até três horas por dia.
Como pais, precisamos refletir sobre nosso próprio uso de tecnologia e se estamos promovendo atenção, brincadeiras, diálogos e atividades familiares que reduzam o tempo de tela. Embora a tecnologia seja essencial, é importante priorizar momentos em que podemos nos desconectar para fortalecer vínculos e estimular o desenvolvimento saudável das crianças.
Os impactos podem ser:
1. Prejuízos à Saúde Física:
Distúrbios de sono devido à luz azul emitida pelas telas.
Problemas de visão, como fadiga ocular digital.
Sedentarismo, levando ao aumento do risco de obesidade.
2. Prejuízos no Desenvolvimento Cognitivo e Emocional:
Dificuldades de concentração e memória.
Atraso no desenvolvimento da linguagem em crianças pequenas.
Maior risco de ansiedade e irritabilidade.
3. Comprometimento das Habilidades Sociais:
Menor interação familiar e social.
Dificuldade em desenvolver empatia e habilidades interpessoais.
Dependência em tecnologia: a dificuldade em desconectar-se das telas pode levar a crises de abstinência digital.
Alterações no comportamento: aumento da impulsividade e comportamentos desafiadores.
Prejuízo no rendimento escolar: diminuição do interesse e foco nas atividades educativas tradicionais.
Dicas para Reduzir o Uso Prolongado das Telas:
1. Estabeleça Limites de Tempo:
Determine horários específicos para o uso das telas.
Siga as recomendações da Sociedade de Pediatria Brasileira (SBP), os profissionais apontam os seguintes limites de tempo de tela para as crianças:
Menores de 2 anos: evitar a exposição às telas, mesmo que passivamente;
Entre 2 e 5 anos: no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão de adultos;
Entre 6 e 10 anos: no máximo de 1 a 2 horas por dia, sempre com supervisão de responsáveis;
Entre 11 e 18 anos: limitar o tempo de telas (o que inclui os videogames) a 2-3 horas/dia, e nunca deixar “virar a noite” jogando.
2. Ofereça Atividades Alternativas:
Incentive brincadeiras, leitura e jogos criativos.
Participe ativamente das atividades lúdicas com seus filhos.
3. Crie Zonas Livres de Tecnologia:
Estabeleça regras para refeições e momentos familiares sem dispositivos.
Evite a presença de telas no quarto das crianças.
4. Seja um Modelo Positivo:
Demonstre hábitos saudáveis no uso da tecnologia.
Reduza o uso de dispositivos quando estiver em casa com os filhos.
5. Promova o Diálogo:
Converse sobre os perigos e benefícios da tecnologia.
Ensine a importância do equilíbrio no uso das telas.
Reflexão:
O que quero compartilhar hoje é uma reflexão: como famílias, pensem em quais ações podem adotar para promover uma relação mais equilibrada e saudável com o uso da tecnologia, de forma que ela não prejudique a convivência familiar.
Sobre o Especialista
Maria do Carmo M. Heleno Psicóloga/Neuropsicóloga CRP- 04/46960
Um breve resumo de sua formação e atuação:
Maria do Carmo é Psicóloga, com especialização em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Comportamental e pós graduanda em ABA.
Atua desde 2017, sendo atualmente integrante da clínica Neurolife na Rua Vinhático, 15, sala 809, Horto-Ipatinga.
Sua atuação inclui a realização de Avaliação Neuropsicológica para o público infantil, adulto e idoso e a reabilitação/estimulação cognitiva.
Fonte: portaldacidadedeipatinga