por: Luiz Gonzaga Medeiros, Consultor técnico em petróleo e energia
A pujança do Estado de São Paulo e por conseguinte de sua capital, teve início com o ciclo do café e as ferrovias, por volta de 1870.
Antes dessa data se plantava café a até 100 km do porto e o produto era levado para ele no lombo de mulas. Então as plantações tinham que estar nos arredores do Rio de Janeiro, para ser exportada pelo porto de mesmo nome e no Vale do Paraíba, em São Paulo, para exportar pelos Portos de Ubatuba e Caraguatatuba. E 100 Km era uma faixa muito estreita e localizada sobre a Serra do Mar, que é íngreme. A produção era bem pequena.
Com a chegada das ferrovias, trazidas pelos ingleses (e que felizmente também trouxeram o futebol) foi possível estender a produção a até 500 km do Porto de Santos. As terras eram (e são) bem mais férteis, planas e aráveis do que nas fraldas da Serra do Mar ou da Mantiqueira.
Paralelamente começou a proibição gradual da escravidão, com bloqueio do tráfico de escravos pelos navios ingleses, a lei do ventre livre e por fim a abolição da escravatura em 13/Mai/1888.
A produção próxima ao litoral era feita com base em mão de obra escrava e baixíssima produtividade. E ela foi engolida pela produção no interior de São Paulo, que tinha terras melhores, extensão enorme de terras, o trem para transportar. E além do mais era baseada em mão de obra livre, principalmente imigrantes europeus.
Os conhecimentos de agricultura dos europeus é milenar e eles ajudaram a revolucionar a produção. Em pouco tempo eles já eram proprietários de terras e donos de parte da produção, que era o que mais os oligarcas brasileiros temiam. A terra devia valer muito, para os italianos não poderem comprar (afinal eram imigrantes muito pobres) e valer pouco a ponto de ser uma pechincha para os fazendeiros já instalados. Acontece que eles estavam lidando com imigrantes com muitas habilidade e para sorte nossa e dos italianos, os oligarcas perderam.
Pujança atrai pujança e os imigrantes foram ocupando também as cidades e como eles eram skilled workers, implantaram todo tipo de ofício nas grandes cidades e lideraram a industrialização da cidade de São Paulo. Se não fosse a atuação desses imigrantes, com habilidades e conhecimentos bem acima dos brasileiros, principalmente no ramo de manufatura, não teríamos quebrado o monopólio do poder econômico e político dos oligarcas.
Essa virada de mesa foi fundamental para São Paulo ser o que é
São Paulo sempre esteve aberta para receber imigrantes do mundo todo. Para cá vieram levas enormes de portugueses, árabes, alemães, japoneses, coreanos, chineses e espanhóis. Hoje ainda há um fluxo migratório de latino-americanos para São Paulo. Houve e ainda há migrações expressivas de brasileiros de todos os estados para São Paulo, principalmente dos estados nordestinos. Isso se dá pela atratividade econômica da cidade.
Veja abaixo a evolução da população paulistana: Cresceu entre 100 e 200% por década durante 7 décadas (1870–1950)