Marqueteiro de Lula vai tentar melhorar imagem do Governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu substituir Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação Social (Secom) por Sidônio Palmeira, marqueteiro responsável pela campanha vitoriosa de 2022. A decisão foi oficializada em reunião no Palácio do Planalto nesta terça-feira (7). Pimenta deixará o cargo oficialmente após sair de férias nesta quinta, permitindo que a transição seja concluída e Sidônio assuma na próxima semana.
A troca de comando ocorre em meio a insatisfações de Lula com a estratégia de comunicação do governo. Desde o início de 2024, o presidente vinha expressando descontentamento com o fato de que os feitos de sua gestão não estavam sendo adequadamente transmitidos à população. Apesar de considerar seu terceiro mandato o melhor, pesquisas indicam que 41% da população têm uma percepção negativa.
Mudança estratégica na comunicação do governo
“O presidente quer à frente da Secom uma pessoa com o perfil diferente do que eu tenho. Vamos fazer a caminhada conjunta até a semana que vem. Nós temos o mesmo projeto. Portanto, vamos ter uma parceria que não se encerra”, afirmou Paulo Pimenta ao confirmar sua saída.
Perfil do novo titular da Secom
Sidônio Palmeira, conhecido por sua atuação como marqueteiro político, encara o novo desafio com entusiasmo. “Essa é a minha primeira vez em governo. É uma experiência nova, interessante”, declarou. Sidônio indicou que pretende alinhar a gestão, a percepção popular e as expectativas em torno do governo: “É importante que a gestão não seja analógica. É um papel e uma obrigação do governo mostrar o que foi feito”.
Problemas de estrutura e autonomia
No Planalto, há quem avalie que o desempenho da Secom sob o comando de Pimenta foi prejudicado por limitações estruturais. O ex-ministro não teve liberdade total para montar sua equipe, herdando nomes indicados diretamente por Lula, como os secretários Ricardo Stuckert e José Chrispiniano, considerados de confiança pessoal do presidente. Além disso, Brunna Rosa, responsável pelas mídias digitais, foi uma escolha da primeira-dama, Janja da Silva.
As mídias digitais, inclusive, foram alvo recorrente das críticas de Lula, que considerava os gastos com impulsionamento e pesquisas insatisfatórios. Apesar de não usar celular, o presidente exigia resultados mais expressivos na comunicação digital.
Repercussões de crises internas
Outro desafio enfrentado pela Secom foram crises externas, muitas vezes originadas por ações da primeira-dama, que acabavam resvalando na imagem do governo. Mesmo defendendo Janja publicamente, Pimenta e sua equipe frequentemente tiveram que lidar com situações inesperadas que comprometiam a comunicação do Planalto.
Insatisfação pública de Lula
A insatisfação do presidente ficou evidente em dezembro, durante um seminário do PT, quando Lula, por vídeo, criticou duramente a comunicação do governo por não fazer com que os avanços da gestão chegassem “ao povo”. A fala, aplaudida por militantes, foi interpretada por lideranças do partido como uma crítica direta ao então ministro. Enquanto alguns viram o discurso como uma advertência, outros afirmaram que Lula havia “demitido o ministro ao vivo”.
Perspectivas para o futuro
A saída de Pimenta e a nomeação de Sidônio Palmeira ocorrem em um momento em que o governo já planeja uma ampla reforma ministerial. A expectativa é que a troca no comando da comunicação traga uma abordagem mais técnica e eficaz para fortalecer a imagem do governo junto à população.